Acessado por 110 milhões de brasileiros, de acordo com relatório da We Are Social e Hootsuite, o Instagram é hoje a quarta rede mais utilizada no Brasil. O aplicativo para publicação de fotos se popularizou, ganhou status e é um espaço onde muitos compartilham cada passo do seu dia através dos stories. Isso, inclusive, fez ascender uma nova profissão: os digital influencers. Com o boom da plataforma, empresas de variados segmentos passaram a postar seus conteúdos também por lá.
Mesmo que seja interessante estar acompanhado de profissionais especializados em social media para encontrar a estratégia mais adequada para conversar com o seu público, não há problema algum no compartilhamento de conteúdo. Porém, o que vem acontecendo com muitas empresas é o reflexo do que vemos na nossa sociedade: tornar tudo instagramável. Ou seja, deixar tudo bonito e perfeito para despertar nas redes um sentimento de “poxa, eu também queria isso”. E mais, será que a sua marca quer ser objeto de desejo, mesmo diante de uma imagem e mensagem que não sejam reais?
Mesmo quando falamos de consumidores finais, o cuidado tem de ser tomado. Talvez, até mais, pois pesquisas como a do Instituto QualiBest, lá em 2019, apontavam que 76% das pessoas admitiram já ter comprado algum produto ou serviço com base na recomendação de um influenciador digital. O número, atualmente, deve ser bem maior, afinal, durante a pandemia, 72% dos usuários ampliaram o uso do Instagram, conforme dados da Opinion Box, no início deste ano.
No entanto, quando falamos sobre a exposição institucional de uma marca, é preciso estar atento. Vamos lembrar que tudo que é instagramável fica bonito na foto porque possui um cenário, um roteiro… Foi algo construído para deixar uma boa impressão. Mas, nem sempre é verdadeiro e consistente, isto é, nem sempre traduz a realidade da empresa e é uma imagem possível de se manter. Pense comigo, o que você vem postando da sua empresa é o que realmente gestores, conselhos, colaboradores e outros públicos internos vivenciam dia a dia?
Usuários mais atentos
No fim do ano passado, o Instagram completou 10 anos de operação no Brasil. Em uma entrevista para o jornal O Globo, o Head de Parcerias da plataforma, o americano Charles Porch, declarou que “a fórmula mais autenticidade e menos perfeição está por trás da receita de quem se destaca na rede atualmente”. Tanto é que temos visto uma ascensão de perfis que relatam angústias e frustrações, como por exemplo, os comandados por “mães reais”.
Vejam só, é preciso utilizar o adjetivo “real” para reforçar que aquilo que você está mostrando é genuíno e não um artifício em busca de likes. Nesse caso, pare e questione se aquilo que está no Instagram da sua empresa é congruente, ou seja, se converge com as ações realizadas nos bastidores ou se está sendo mascarado por filtros. Quem conhece, de verdade, a sua marca percebe que a beleza das postagens também está na prática natural e orgânica do seu negócio? Será que quem trabalha para você confirma os conteúdos postados ou sai da empresa e diz: é tudo fake, é tudo montado para o Instagram!
Esses novos usuários da plataforma estão atentos a todos os passos da empresa. Prova disso são os cancelamentos que têm surgido a algumas marcas que não se posicionam quando um diretor, um colaborador ou, até mesmo, um garoto-propaganda se envolve em alguma polêmica. Recentemente, acompanhamos a pressão que os usuários do Instagram fizeram em algumas empresas que patrocinavam um time de vôlei, cujo um dos atletas fez postagem considerada preconceituosa.
A importância de um RH estratégico
Há muito tempo, o RH deixou de ser visto como uma área para tratar de contratos de trabalho e outras questões operacionais. Ele evoluiu, passou de Departamento Pessoal para Desenvolvimento Humano, entre outras nomenclaturas. Na dissertação intitulada Evolução da Gestão de Recursos Humanos: um estudo de 21 empresas, apresentada por Marcela Soares Pacheco sob orientação do Professor Doutor Gilberto Tadeu Shinyashiki, em 2009, na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeiro Preto, chegou-se à conclusão de que “mudanças estão sendo trabalhadas na busca de atribuir ao RH o papel de parceiro estratégico”. Aqui, temos alguns caminhos que podem ser traçados para que o RH chegue ao posto de parceiro estratégico.
Leia e reflita, pois a alcunha de parceiro pode apresentar uma pegadinha. Entenda que ser companheiro de uma jornada com estratégia é olhar para a sua área e identificar como ela pode contribuir para impulsionar um objetivo estratégico da organização. Se fizer sentido realizar um evento, uma festa dentro da empresa ou um happy hour para integrar, valorizar ou reforçar aos colaboradores os valores e princípios da sua marca, as ações instagramáveis são válidas. Contudo, se for apenas para ficar bonito na foto, para fazer o que todo mundo está fazendo, repense. Primeiro porque, como dizem as mães reais, você não é todo mundo. E, depois, porque uma marca que fala bonito nas redes sociais, mas não vive bonito, não se sustenta.