Quando alguém faz alguma reclamação sobre algo do seu setor ou da empresa como um todo, você se sente culpado ou injustiçado? Calma, vou explicar melhor através de uma situação cotidiana, que aconteceu recentemente comigo e me fez refletir como isso é frequente na vida, principalmente no âmbito profissional.
Outro dia, o zelador do prédio onde moro me abordou com certa rispidez sobre algo que havia acontecido no dia anterior no local que eu estava naquele momento. Ou seja, eu não presenciei o acontecido e, por isso, a abordagem me deixou incomodada. Outra moradora, que estava próximo a mim, teve o mesmo sentimento e ambas controlamos nosso instinto de responder no mesmo tom. Mas nem sempre estamos em um dia bom, então vejam o perigo que seria o desenrolar dessa história…
Pois bem, no dia seguinte, mais calma, demonstrei a ele que não gostei da forma como fui abordada. Na fala dele, um desabafo: “todo mundo vem me falar dos problemas como se eu fosse o culpado”. Foi neste instante que eu entendi que a ação dele comigo foi uma reação do quanto ele se sentia acusado de culpado. Compreendi que havia uma miopia sobre a função dele por parte dos moradores, que muitas vezes, levavam até ele, de forma agressiva, problemas que ele não tem o poder de controlar.
Agora, repito o questionamento do início do texto. Quando isso acontece com você, você se sente injustiçado ou culpado? Se a resposta for positiva, precisamos urgentemente que os líderes prestem atenção nisso.
Uma pesquisa da Vittude, startup de psicologia on-line e educação emocional, e da Opinion Box, divulgada pela Você RH em julho de 2021, revelou que 55% dos gestores se sentem estressados.
Entre os liderados, esse índice cai para 41% e três em cada 10 funcionários acreditam que seus líderes estão à beira do Burnout.
Isso mostra como o estresse pode se desencadear em ciclos e atingir toda uma corporação, refletindo nos resultados.
Então antes que você sinta culpa ou defina que se trata de uma injustiça, procure refletir se você não tem condições de dar alguma resolução para o problema, nem que seja encaminhá-la para a pessoa correta. Pensem comigo: quando alguém procura um médico porque está doente, essa pessoa não está o acusando de ser o culpado, mas sim depositando nele a confiança de tratar essa doença.
Isto significa que quando alguém procura você com algum problema, não é porque você é culpado. Também não precisa se sentir injustiçado. Muito pelo contrário, tenha orgulho, pois se foi delegado a você é porque acreditam que você tenha potencial para resolver a situação ou para encontrar quem possa solucionar. Por isso, é importante que você tenha claro qual é o seu papel dentro da organização. Aliás, o papel de todo o time deve estar claro. Muitos conflitos podem ser evitados quando cada um sabe exatamente a sua missão dentro do sistema, a razão de estar lá, a importância do que faz.
É neste momento, inclusive, que o bom líder faz toda a diferença. Ele é a peça-chave para elucidar todo o processo.
Em janeiro de 2021, uma pesquisa do PageGroup, realizada em parceria com o Centro de Liderança da Fundação Dom Cabral, já demonstrava que a maioria dos líderes das empresas entrevistadas (29%) estava dando mais atenção às próprias habilidades estratégicas e 22% estavam focados na gestão de pessoas e competências interpessoais, as conhecidas soft skills.
Fique de olho se você não está sendo injusto e passando essa sensação de culpa ao time. Perceba se algum membro da sua equipe tem missão vazia. Ponha os óculos e relembre o valor e o que se espera de cada um.