Na outra semana, comentei sobre três casos, vividos por mim, de culturas que prejudicam os negócios. E agora, em pleno final de 2020, com picos de casos de covid, ainda percebo gestores resistem ao trabalho home office. Essa pode ser uma excelente opção para minimizar o risco de contaminação, por exemplo. Sem contar que é uma demonstração real de que você se importa com as pessoas, e ainda minimiza os riscos de ter as pessoas doentes, o que as tira de atividade. E as colocam em risco real. Mas se a resistência ainda é tão forte como podem fazer para iniciar esse processo sem muito sofrimento?
Vale refletir sobre crenças do tipo:
· Presença física nem sempre é disponibilidade.
· O fato de não ter ninguém olhando não quer dizer que as pessoas não estão trabalhando.
· Se você sabe gerir por projeto, ou indicadores, muitas atividades realmente não têm necessidade de serem feitas em um local específico.
Vale lembrar que a responsabilidade de oferecer condições de trabalho continua sendo sua.
A seguir, vou listar algumas ações para lhe ajudar nesta adaptação.
Que tal você avaliar quais as atividades que podem ser feitas independentemente de presença física no escritório. Normalmente quando converso sobre iniciar esse processo de adaptação de home office ouço mil razões para as quais “aqui isso não funciona”; ou “aqui nós não somos TI o que dificulta o trabalho from anywhere”. Ora, meus caros, isso parece os executivos da Kodak resistindo à mudança no modelo de negócio, ou os da Sony, ou os de tantos outros negócios que saíram de cena, pela simples resistência ao óbvio. Mas quando pergunto sobre as atividades que são possíveis, se estamos fazendo, a resposta invariavelmente é não.
Então para que você não esteja limitado ao escritório, nem limite seu time a ele, começa a avaliar:
· As reuniões presenciais que vocês promovem. Quais delas poderiam ser feitas com uma ferramenta de vídeo conferência? Alguns compartilhamentos de telas e atenção focada, ao invés de presença física, enquanto todos se preocupam com seus notebooks e celulares, enquanto ouvem um par, líder ou liderado ?
· Avalie as atividades do seu time e todas aquelas que podem ser feitas digitalmente, e desafie-se a provocar esse comportamento. Você vai se surpreender!
· Busque conhecer ferramentas de vídeo conferência, compartilhamento e co-criação de informações.
Quer alguns exemplos de ferramentas? Aqui vai! De videoconferência, temos Zoom, Google Meets, Whereby, BlueJeans etc. Para os que têm Microsoft, o Teams tem sido uma das mais utilizadas! Ferramentas de compartilhamento de documentos, em nuvem, temos Google Drive, One Drive, Dropbox e tantas outras. De gestão de tarefas? Trello, Asana, Monday… Ah, e sabe aquela sua parede cheia de post-its? Pois então, o Miro é uma excelente opção.
Busque promover a experiência de co-criar e trabalhar na nuvem, para que comecem a se ambientar. Até se familiarizarem, pode ser um pouco chato. É o custo do aprendizado. Mas, quanto mais tempo você levar para iniciar, mais esforço você precisará exigir do seu time e de si mesmo. Cabe dizer que migrar sistemas de trabalho para a nuvem (Cloud Computing) é uma das principais tendências, segundo as maiores consultoria de pesquisa do mundo. US$ 257,9 bilhões é o faturamento mundial que tende a alcançar em 2020 com os serviços na nuvem, segundo a consultoria Gartner.
O trabalho à distância não é mais uma tendência. É uma realidade! E não tê-lo é mais um indicador de quanto há resistência ao óbvio.
Quando se falava em telemedicina, muitos diziam ser impossível, mas isso virou mito com a necessidade, não? Empresas como a TopMed tiveram um crescimento de 700%, durante a pandemia. Passaram de 30 para 80 clientes corporativos, dentre eles marcas como Nestlé, Vale e Porto Seguro.
Depois de todos estarem mais ou menos adaptados, inicie um processo de “desmame”, para todos aprenderem a lidar com suas tarefas e com a gestão das mesmas. Pode ser que você implante 10% do tempo para todos em trabalho de home office.
Vale lembrar que com os caminhões autônomos, que carregam 300 toneladas de minério, seus motoristas o dirigem de casa. Cirurgiões hoje fazem cirurgias à distância. Então, a complexidade de suas tarefas possivelmente não chega a tanto. Mas quando alguém do seu time lhe perguntar “Por que eu não posso trabalhar de casa?”, pergunte como ele imagina que isso funcionaria… possivelmente, você se surpreenderá.
Depois de todos adaptados para 10% do tempo, estenda o tempo para 20%. E assim por diante, até que você possa ter flexibilidade e bom senso. Isso foi possível nas escolas, que estavam se preparando. Como é o caso da escola Piaget, já contei essa história aqui, não quero ser repetitiva.
A questão é:
Não resista, deixe-se levar pelas maravilhas que a tecnologia pode fazer pela nossa produtividade e bem-estar.
Mas não se afogue nelas, pois nosso equilíbrio continua sendo importante para nossa produtividade e performance. Tecnologia é como vinho: na dose certa, é incrível e saudável; em excesso, pode ser destrutivo, tanto pra sua saúde, quanto para sua carreira, ou sua família e relacionamentos. Não seria diferente para sua organização.