Tenho ouvido muita gente – daquelas que conseguiram levar o trabalho pra casa – algumas coisas que se repetem.
“No início foi muito mais difícil. Acomodar o trabalho, os filhos, home schooling, a alimentação e todo o serviço de manter uma casa habitável. Minimizar a cobrança com todo mundo. E tudo que eu esqueci de mencionar. As primeiras reuniões on-line tinham todos os tipos de ruído. Administrar a agenda, as prioridades, as atividades e tudo que dependia de mais gente (cada um em sua casa).“
Ajustar a comunicação, que agora precisa ser ainda mais de perto, mais próxima, mais apoiadora do que nunca. E para os gestores que ainda vinham no modelo antigo de “cobrar” o time, esses ajustes ficaram ainda mais difíceis.
Mas, com o passar das semanas, estamos agora entre a quarta e quinta semana, com o andar da carruagem, as coisas foram se ajeitando. Fomos ajustando as expectativas, nos adaptando à nova realidade.
“E começamos a perceber o quanto perdíamos da vida das crianças, quanto perdíamos das refeições todos juntos, de fazer nada juntos, pelas rotinas que nos impúnhamos e impúnhamos a outros, ou nos eram impostas.”
E agora você não vai mais querer voltar para aquela mesma rotina. Provavelmente não vai querer manter tudo como está agora, mas ter a liberdade de mesclar as duas coisas vai ser o sonho de consumo de muitos.
Usar mais os serviços deliveries, comprar o tempo do separador e do entregador para economizar o seu; ter mais tempo com sua família; acompanhar mais de perto seus filhos; ganhar um beijo de seu companheiro(a), que passou para ir à geladeira ou ao banheiro; ganharam outro significado e deu outro sentido a vida.
Evitar sair de casa, para proteger quem tem que sair de casa, fez com que você pensasse nos outros muito mais do que costumava pensar. Fazer o exercício herculio de empatia, com cada uma das situações e cenários diferentes que seus colegas passam, nunca foi tão presente.
E isso tudo deu ou não deu mais significado à suas ações? Deu ou não deu mais sentido a seus esforços? Passamos a dar mais valor a coisas que antes, em nome de crenças limitantes, acabávamos abrindo mão.
Confesso, acho que vou ser melhor compreendida quando eu disser – e vou continuar dizendo – que podemos ter uma carreira bem sucedida em uma vida equilibrada.
Muitos não acreditavam nisso e continuavam abrindo mão de uma das duas coisas. No meu meio, abriam mão da vida equilibrada, e acabavam no longo prazo se frustrando.
Gestores equilibrados gerem empresas equilibradas, têm times equilibrados e contribuem com uma sociedade equilibrada.
Apresente-me um gestor verdadeiramente disposto a buscar o equilíbrio – equilíbrio em alto nível: excelente resultados financeiros, excelente qualidade de vida – que eu te darei excelentes lugares para se trabalhar, empresas que fazem a diferença em toda a cadeia que atuam. Marcas queridinhas e pessoas felizes.
Você acha que vai querer voltar ao antigo normal? Se sim tenho uma única coisa a acrescentar: sinto muito.