O termo 4.0 é amplamente utilizado relacionado às melhorias tecnológicas e à adaptação a este cenário, seria a Quarta Revolução Industrial, que engloba algumas tecnologias para automação e troca de dados e utiliza conceitos de sistemas ciber-físicos, internet das coisas e computação em nuvem. Uma liderança 4.0 se caracteriza pela velocidade das mudanças, pela amplitude e profundidade e também pelo impacto sistêmico. Estes são três aspectos que impactam diretamente no modo de liderar.
Segundo Klaus Schwab, a origem do termo liderança 4.0 é concomitante à indústria 4.0, em que se foca em soluções tecnológicas, além de a gestão trazer o sentimento de fazer parte de um propósito maior e ter equilíbrio de vida e tempo para outras coisas tão importantes quanto o trabalho. Mas como tornar uma equipe empoderada a ponto de criar a maturidade necessária para tocar as atividades, resolver problemas, apresentar soluções e estar bem consigo mesmo?
Para uma melhor performance, empoderar vai além de elogios ou delegar grandes responsabilidades nas mãos do seu time. Neste cenário, o real papel do líder é o de construir um ambiente colaborativo, participativo, desafiador e no qual haja todo o suporte necessário. Contribuir no amadurecimento do time é melhorar o desempenho para obter o menor o esforço para o mesmo resultado. E se o desempenho melhora, o resultado geral também melhora. Uma equipe madura vai responder aos estímulos do líder também maduro. Então, este é um item que não pode faltar na liderança 4.0.
O óbvio precisa ser ditó
Embora pareça óbvio, a maturidade chega depois de um processo de amadurecimento. Segundo Klaus Schwab, o desafio da liderança é moldar esse momento para garantir que seja empoderador e centrado no ser humano, ao invés de ser divisionista e desumano. E aqui a liderança 4.0 ganha relevância ainda maior. Afinal, tudo isso impacta no futuro do trabalho, das nossas relações, no futuro da sociedade, mas, também, nesse futuro que, na verdade, já é o presente.
As mudanças são tão rápidas que impactam não apenas no modo de compra do consumidor (no qual nos incluímos), mas também em como os negócios são (precisam ser) geridos e as equipes são lideradas. Quanto mais quadrado e sem flexibilidade for o modelo, maior a dificuldade para lidar com mudanças inesperadas.
E elas ocorrem num ritmo muito mais acelerado, que é exponencial e não mais linear. A amplitude e profundidade das mudanças transformam não apenas o QUE e COMO fazemos, mas também QUEM SOMOS e COMO nos comportamos, agimos, queremos trabalhar, queremos comprar, etc. Os sistemas inteiros se transformam e o impacto sistêmico surge.
A ação (do sistema) gera uma reação (da sociedade)
Se você ainda tem dúvidas em relação à mudança, perceba a forma como nos comunicamos com o mundo, ou como acessamos à informação. Observe como é a negociação de produtos e serviços e também as formas como transitamos dinheiro. Olhe para sua casa e veja como é o formato atual para ouvir música, para assistir a filmes, para começar um relacionamento amoroso.
A ação (do sistema) gera uma reação (da sociedade). Com o surgimento dos primeiros bancos digitais, por exemplo, passamos a ter menos burocracia e mais acesso aos serviços. Esse formato logo ganhou o mercado graças ao atendimento diferenciado. Os clientes mudaram suas expectativas em relação aos bancos tradicionais.
É fácil dizer que a tecnologia mudou o comportamento das pessoas e suas expectativas, estas que fazem as pessoas transbordarem para outros segmentos. Talvez até o seu! E é aí que entra seu papel de líder 4.0.
As expectativas de todos agora são outras
A forma de liderar e gerir passou a ser outra, para atender a expectativa dos clientes e as necessidades dos colaboradores e estratégias da empresa. Já se foi o tempo em que estar empregado era o suficiente para nos fazer satisfeitos. A expectativa mudou muito, pois agora as pessoas querem muito além disso.
O desejo é o de trabalhar em organizações que valham a pena, em que haja estímulo e apoio para se desenvolverem, oportunidades para crescimento, para atuação em conjunto com pessoas incríveis. Os colaboradores querem ser valorizados e considerados em sua integridade. Ao mesmo tempo, almejam a vida além do trabalho, dando grande valor ao tempo com filhos, amigos, família e também para outras atividades que façam sentido.
Nesse clima 4.0, o trabalho faz parte da vida e não mais é a vida quase que por inteira. As expectativas mudaram neste sentido e todos nós queremos isso, não é mesmo? O tempo em que acreditávamos ter de optar entre sucesso pessoal e profissional se foi. E o melhor: podemos ter tudo junto e isso passa também por líderes que entendam que uma coisa não depende de abrir mão da outra. Por isso, velhas crenças precisam ser quebradas.
O Fórum Econômico Mundial em 2020 propôs um capitalismo de stakeholders conscientes em contraponto ao capitalismo do acionista. E vermos essa discussão chegar nesse nível global, por uma organização deste porte, é um grande indicativo de que estamos no caminho certo.
Claro que esse é um processo que demanda evolução de todos na organização e da maioria do mercado. E a liderança tem um papel importantíssimo: contribuir ativamente para esta evolução que requer empoderamento e autonomia.
Empoderar é a arte de estimular alguém a sentir-se pronto para o desafio
Sabendo deSinformação sobre empoderamento, cabe ao líder preparar o ambiente, semear autoconfiança, incentivar a confiança uns nos outros e, especialmente, preparar e delegar para que as pessoas se apropriem deste “podaebre”n.dao
Sabendo dessa informação sobre empoderamento, cabe ao líder preparar o ambiente, semear autoconfiança, incentivar a confiança uns nos outros e, especialmente, preparar e delegar para que as pessoas se apropriem deste “poder”.
Lembro de quando eu era executiva e o meu indicador pessoal de que eu havia conquistado a confiança era quando meu líder dizia: “se está nas mãos da Janaina, estou tranquilo”. Na última experiência em que ficou claro que confiavam em mim, levou cinco meses para acontecer. Eu havia proposto um grande evento, o primeiro da empresa para seus distribuidores. Um dia antes da programação que duraria três dias, me reportei ao líder dizendo que ele poderia ficar calmo porque estava tudo encaminhado. “Se está nas tuas mãos, eu estou tranquilo”, me respondeu!. Ele havia usado as mesmas palavras do meu indicador pessoal. E isso me deu tanta segurança de que eu estava no caminho certo, que me engajei ainda mais.
Empoderamento não existe sem confiança, sem informação e sem conhecermos, claramente, os objetivos e as razões pelas quais algo deve ser feito. Tampouco, sem participação, sem que haja real envolvimento, sem pertencimento. Quando participamos da construção daquilo em que vamos trabalhar, sejam elas as diretrizes, os objetivos ou o plano de ação, nos sentimos muito mais engajados, muito mais empoderados para a missão do que quando recebemos tudo pronto e o nosso papel é apenas executar. Então, uma das grandes formas de empoderar (e de gerar comprometimento) é trazer o time para a construção.
As barreiras estão aí para serem quebradas
Evidentemente que problemas e obstáculos serão percebidos. Sobretudo, se você ainda não estiver nessa frequência do 4.0, já que ninguém dá o que não tem. Nestes anos de atuação, as barreiras mais comuns que encontrei foram:
- insegurança do próprio líder e, consequentemente, tendência à centralização;
- falta de tempo para estar à disposição das pessoas enquanto estão no processo de construção de uma postura empoderada;
- falta de referência e repertório, devida à falta de dedicação para aprender e se atualizar.
Ou seja, são elementos simples de serem quebrados. E, quanto mais você tiver na cabeça que um time empoderado tem mais autoconfiança, maior confiança mútua com a equipe, melhor autogestão, melhor liberdade responsável, melhor desempenho, mais equilíbrio e melhores resultados, mais você vai desejar ser um líder 4.0. Parece um sonho, mas que é super possível.
Profissionais empoderados e maduros são naturalmente pessoas com melhor desempenho
Você perceberá que, quanto mais maduro, competente e habilidoso for o seu time, mais você, gestor, brilhará como líder e profissional. É consequência natural. Não será necessário se esforçar pelo brilho, o esforço deve ter o foco em contribuir para o desenvolvimento e a maturidade de cada um e fortalecer o todo. É como bolha de sabão na banheira, as de cima sobem quando empurradas pelo crescimento das bolhas que estão embaixo. Neste caso, destaco que as palavras “em cima” e “embaixo” não têm qualquer conotação de hierarquia ou valor, mas sim de maturidade, experiência, desenvolvimento e entrega.
Quando o desempenho é medíocre ou mediano, seja por falta de habilidades, ferramentas, gestão ou apenas por ter assumido um novo desafio e ainda estar no início, o esforço é muito maior. Junto dele vêm o cansaço, a frustração, a diminuição da autoconfiança e o aumento do estresse, certo? Qual a consequência? O desempenho piora. E ainda sobrecarrega todos os impactados pela sua atuação. Ou seja, aumenta o nível de estresse do indivíduo e dos que estão à sua volta.
Segundo Klaus Schwab, o desafio da liderança é moldar esse momento para garantir que seja empoderador e centrado no ser humano, ao invés de ser divisionista e desumano.
E aqui a liderança 4.0 ganha relevância ainda maior. O caminho não é simples, mas também não é nenhum bicho de sete cabeças. O tema é relevante, diria até indispensável neste momento. Vá atrás do seu caminho de amadurecimento. Você verá como será incrível se transformar em um líder 4.0.